Conto 01
ROMANINO
Lá no Alto Moju, passando a Vila da Soledade, há muito tempo atrás morava uma família grande composta pelo casal e uma porção de filhos. Um dos rapazes se chamava Romanino, era um jovem com 17 anos, magro de uma boa estatura, pele clara e um excelente caçador. Ele tinha um tiro certeiro de acordo com os relatos.
A família também tinha excelentes cães de caça treinados com faro para cutia, paca, tatu, veado e catitu, alguns chamam de porco do mato ou queixada, pelos enormes dentes. Romanino na verdade matava qualquer tipo de caça.
Na manhã de 12 de junho dia de Nossa Senhora do Carmo, os jovens estavam se preparando para ir a festa da padroeira dos católicos da Vila do Carmo no município de Cametá.
O pai de Romanino quando viu que o filho não ia pediu a ele que fosse caçar, pois estava com muita vontade de comer carne de caça. Romanino não queria ir dizendo que estava cansado e que também era feriado, mas depois de muita insistência do pai e porque era um filho obediente decidiu sair para caçar.
Romanino pegou a espingarda e chamou os três cães de caças da família e se foi para as matas do Umarizal na busca de matar uma caça para saciar o desejo de seu pai.
Romanino saira de sua casa pela manhã, chegou a noite e ele não voltara, a preocupação dos pais era muito grande. Os vizinhos foram avisados e saíram na escuridão da mata atirando para o alto e gritando por ele, mas como por encanto, havia desaparecido junto com os cães sem deixar vestígios.
As pessoas ficaram procurando até altas horas da noite, mas depois de exaustos de cansaço e nada encontrando decidiram voltar para suas casas e recomeçar a busca no outro dia.
No dia seguinte enquanto a polícia foi acionada os vizinhos fizeram uma intensa varredura nas matas do Alto Moju, mas precisamente nas matas da localidade do Umarizal, mas nada foi encontrado nem sequer uma pista nem de Romanino nem dos cães. Foram dias de procura e decidiram suspender as buscas.
A família triste com a perda e arrasada ainda ficou semanas procurando e nada, o pai de Romanino se sentia culpado pelo desaparecimento do filho e não se perdoava chorando o tempo todo. Assim, decidiram se mudar do Umarizal para reconstruírem a vida em outro lugar e tentar amenizar a dor da perda que estavam sentindo.
Até hoje ninguém soube realmente o que aconteceu com Romanino, existem algumas versões, têm pessoas que dizem que por morarmos em plena floresta no meio da Amazônia que é cheia de animais de várias espécies o Romanino pode ter sido engolido por uma anaconda, e o mesmo teria ocorrido com os cães que foram pegos quando tentaram defendê-lo. Por isso desapareceram sem deixar vestígios.
Devido a mítica muito forte do povo das florestas e caboclo amazônida a explicação mais difundida é a de que Romanino fora encantado por uma das manifestações lendárias como a curupira, mãe d’ água, mãe do mato ou outro ser místico da Floresta.
Para reforçar o conto de que está encantado junto com os cães existem inúmeros relatos de caçadores do Umarizal de que quando estão caçando pressentirem Romanino. Há quem até tenha ouvido ele arribando e os cachorros latindo. Há até um relato ocular recente de que uma noite os trabalhadores madeireiros que transportavam no caminhão toras das matas do Umarizal terem visto um rapaz com uma espingarda no ombro e três enormes cães atravessado muito rápido o ramal pela frente do caminhão e descrição de Romanino.
A história de Romanino ter desaparecido junto com os seus três cães em uma caçada é uma história verdadeira que ocorreu no Umarizal. Quanto ao que aconteceu com ele depois de mais de meio século do ocorrido não se têm uma explicação oficial, mas apenas especulações e suposição do ideário que faz parte das manifestações místicas do provo amazônida.
Hoje a história de Romanino não se resume a apenas o povo do Umarizal, mas já é bastante difundida por todo o município de Moju entre os moradores. A única coisa certa é que realmente o fato aconteceu, quanto a explicação fica por conta da crença de cada um que ouve a história do Romanino que está presente e vivo na memória do povo mojuense.
Esta história foi contada pela dona Diva, esposa do senhor Acácio, que moram na boca do igarapé do Umarizal ao recenseador do IBGE Raimundo Gomes de Souza em junho de 2007.
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