sexta-feira, 15 de abril de 2011

CONTO: A VISAGEM SEM CABEÇA


A VISAGEM SEM CABEÇA

Lá no Curuperé há muito tempo atrás aconteceu um fato que marcou a vida de muita gente numa noite de festa na comunidade em uma casa onde encontrava-se quase toda a população reunida e que passaram uma noite horripilante.
Era noite e estavam em festa em um barracão, já era tarde e tinha acontecido umas três porradas entre os caboclos do lugar. Tudo por causa de uma linda mulher que atraía a atenção de todos os homens. Cada qual queria dançar com ela, e isso fazia com que os mais exaltados e ciumentos puxassem confusão e a briga acontecia. Era tapa, sôco e murro, briga somente no punho, na mão, nada de arma além dos músculos.
Quando deu umas meia noite a mulher sumiu da festa e os homens começaram a procurar por ela e não encontraram. Até que um deles quando dirigia-se para o retiro viu alguma coisa estranha dentro da tábua de amassar mandioca, e que chamam de maceira. A cabeça da mulher mais desejada encontrava-se dentro da maceira. Ele mais que depressa gritou para as pessoas que chegaram um após o outro.
A procura foi intensa pelo corpo da mulher, mas nada foi encontrado. Eles não sabiam o que fazer com a cabeça, uns diziam para enterrar, outros queriam que ficasse dentro da maceira até o outro dia quando a polícia chegasse e outros queriam levar para o local onde estava acontecendo a festa para ser velado, mas as pessoas queriam continuar a festa e a maioria decidiu que deveriam enterrar, e foi o que fizeram.
Quando foi umas quatro da madrugada ouviram um barulho ensurdecedor vindo do retiro era algo que representava dor. Eles pararam de dançar e ficaram escutando, o grito de desespero era algo sobrenatural, pois nenhum ser humano poderia emitir um som tão intenso que fazia com que a alma da pessoa parece sair do corpo.
A visagem chegou no retiro e procurou sua cabeça dentro da maceira e quando ela não encontrou começou a gritar desesperada com a dor vindo do fundo de sua alma animalesca. A mulher quando ia virar um tipo de bicho ela arrancava sua cabeça e nascia outra por dentro do pescoço em forma animal. Ela deixava a cabeça escondida para quando fosse desvirar.
Quando ela chegou para se destransformar e pegar sua cabeça de volta e não encontrou ela saiu desesperada a procurar e como não achou ela foi direto para a festa que estava acontecendo com tanta raiva para provocar a pior desgraça possível até ter sua cabeça de volta.
A visagem sem cabeça parou o motor e o salão ficou escuro. As pessoas começaram a gritar desesperadas de medo e de dor, pois pelo meio do salão as pessoas caiam ensaguentadas, com braços pelo chão, pernas decepadas e cabeças rolando. Era desespero e gritos para todo lado, as pessoas corriam e muitos conseguiram escapar do salão. Eles sabiam que a única saída era desenterrarem a cabeça dela e devolver.
Aos prantos das mulheres e gemido dos homens que conseguiram sair do salão foram todos desenterrar a cabeça e colocar dentro da maceira. Quando desenterraram ela já estava viva e gritou para o seu corpo chamando-o. Quando escutou o chamado a visagem saiu em direção a sua cabeça.
O dia já vinha amanhecendo e as pessoas estavam ensaguentadas, amendrontadas e amontoadas, a visagem sem cabeça havia pego sua cabeça e desaparecido. A mulher nunca mais foi vista. Eles foram cuidar dos feridos e enterrar os defuntos que haviam sido mortos pela visagem. As pessoas custaram esquecer o fatídico incidente com esta visagem que tirava a cabeça para desenvolver o seu fado. Todos que passaram por essa noite de horror envelheceram e morreram, mas o fato de horror pelo qual passaram está presente na mente de algumas pessoas idosas do local.
Quanto a visagem sem cabeça dizem que continua o seu fado nas noites até o fim dos tempos passando de corpo em corpo. É uma visagem que precisa de um parente de sangue, pode ser irmão, sobrinho ou neto. Somente após encontrar a pessoa certa para passar o seu fado de visagem, este agora pode morrer sabendo que alguém vai continuar a passar pelo mesmo ritual de magia e misticismo até desencarnar fazendo o mesmo processo por todos os tempos.

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